quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Casa Senhorial D'el Rei D. Miguel - Casa da Cultura João Ferreira da Maia

Casa Senhorial D'el Rei D. Miguel - Casa da Cultura João Ferreira da Maia.





A Casa Senhorial D’el Rei D. Miguel está situada na rua Serpa Pinto em Rio Maior. No século XVI era esta a área preferida pelos mais ricos para construir as suas casas. O período de maior esplendor da casa foi durante a segunda metade do século XVII.
O piso superior era destinado à área residencial, possuindo uma capela privativa e o piso térreo destinado aos animais, arrumos e cozinha.
Neste local foram encontrados vestígios das diversas ocupações que o espaço foi tendo desde o tempo dos romanos, como, restos de fornos romanos, um silo aparentemente medieval, restos de uma casa medieval do século XV, os restos de uma criança enterrada ainda sem data confirmada e restos de uma alfaiataria do século XIX.
O nome da casa senhorial vem do facto de se pensar que aqui terá residido por alguns dias D. Miguel nas vésperas da Batalha de Almoster (ocorreu a 18 de Fevereiro de 1834), quando Portugal vivia em guerra civil (Guerra entre os liberais e os absolutistas) e Santarém era o fulcro dessa guerra pois era aqui que a facção miguelista (absolutistas) exercia um maior poder. Devido a esta mesma guerra o morgado Joaquim Maria (capitão das milícias de Rio Maior e partidário absolutista) proprietário da casa teve que se exilar pois os liberais ganharam a guerra. Ficaram na casa um irmão e duas irmãs muito jovens do morgado. A última das irmãs acabou por falecer por volta de 1922.



Apesar de todo o esplendor que a casa possuiu esteve em ruínas até final do século passado. No entanto a casa reabre com toda a sua dignidade em Maio de 2002 após obras profundas e passa-se a chamar ‘Casa da Cultura João Ferreira da Maia’ em homenagem a este ilustre autarca que nasceu a 14 de Fevereiro de 1882 e faleceu a 9 de Outubro de 1958. João Ferreira da Maia foi presidente da câmara municipal de Rio Maior, sendo várias as obras que lhe são atribuídas e notório o incentivo que deu à vida associativa do concelho. João Ferreira da Maia era o dono da casa senhorial e doou esta ao município a qual foi entregue por mãos do seu filho o Dr. João Afonso Calado da Maia.

O edifício compreende hoje duas zonas:
A Casa Senhorial com um espaço de exposições no primeiro piso, o qual actualmente possui uma amostra do espólio encontrado na ‘villa romana’. Pertence a esta zona a área de entrada e a interligação com os diversos compartimentos.
A Casa da Cultura João Ferreira da Maia com uma sala de exposições no piso térreo e no primeiro piso uma sala de reuniões e vários gabinetes.



Infelizmente nem tudo tem um final feliz. Um dos principais interesses históricos do edifício eram os tectos de madeira pintada. Os tectos foram retirados para restauro, mas ainda se encontram num armazém da câmara municipal e o motivo reside no facto de durante as obras se terem mexido em algumas paredes e agora estes tectos já não caberem nos locais de onde foram retirados. Espero que se encontre uma solução para este precalço de modo a não termos que lamentar mais esta perda no nosso património.

Esta casa também tem uma lenda:
Segundo consta, o rei D. Miguel, quando se alojou nesta casa para a batalha de Almoster, em 1834, num ato de nervosismo deu um murro numa janela enquanto dava ordens, partindo esta. Durante cerca de 100 anos o vidro continuou partido sem ninguém o substituir pois tinha sido partido por El-rei e isso era motivo de orgulho. Resta referir que nessa luta entre liberais e absolutistas o rei D. Miguel perdeu a batalha e talvez o vidro partido tenha sido um mau prenúncio. 



História da casa.
Esta casa apresenta vestígios de idades tão tardias como a época romana. No entanto o edifício atual é originário de sucessivas alterações de uma construção com cédula do início do século XVIII.
Entre 1760 e 1770 o edifício foi reformulado e ampliado.
Entre 1760 e 1770, aproveitando um alpendre, constrói-se um corpo lateral para servir como capela/oratório, passando o acesso principal do edifício a fazer-se pelo topo Sul.
Nas traseiras do edifício é construída uma cozinha e uma zona de arrumos no rés-do-chão. No topo Sul, é construída uma nova sala no 1º andar.
No início do século XIX é duplicada a área de construção com a edificação de uma nova ala a Norte. Para a ligação deste novo edifício, a capela perdeu o telhado de duas águas com um óculo para iluminar o altar, passando a possuir um simples telhado e uma só água.
Ao longo do século XX realizaram-se obras que desrespeitaram a fisionomia inicial da casa. A cozinha do século XVIII foi demolida, bem como uma parede traseira, para se ampliar novamente o edifício de modo a acomodar uma cozinha no primeiro andar.
Na segunda metade do século XX é construída uma casa de banho no primeiro andar e são alteradas as coberturas.

Com a obras de restauro realizadas no final do século XX e inauguradas em 2002, realizaram-se também trabalhos arqueológicos na área do rés-do-chão.
Sala 1.

A última utilização que este espaço teve foi como depósito e venda de produtos agrícolas.
Com as escavações surgiu um vasto espólio que tornou claro o uso deste espaço no passado como alfaiataria.
Sala 2 (contígua à sala 1).
A última utilização desta sala, foi como loja de flores, mas também já tinha sido usada como gabinete de desenho.
Com as escavações apareceram vestígios da alfaiataria, mas também de tijoleiras romanas.
No centro da sala foi descoberta um enterramento de uma criança com idade compreendida entre os 2 e os 3 anos. Este enterramento pode ser devido à casa se ter expandido na direção da igreja vizinha.
Sala 3 (contígua à sala 2).
Existe referências ao uso desta sala como peixaria.
Com as escavações descobriram-se mais tijoleiras romanas, bem como uma moeda também romana (época de Constâncio César, de 350 a 360 d.C.).
Na sala foi descoberto um silo medieval usado posteriormente como fossa.
Foi descoberto um enterramento de um adulto, também muito provavelmente devido à proximidade da igreja vizinha.
Sala 4.
Esta sala estava a ser usada como cozinha.
Sala 5.
A última utilização foi como área de arrumos, mas anteriormente serviu de curral para cabras.
Com as escavações, identificaram-se uma série de muros que correspondem a diversas reorganizações que a casa sofreu. Numas das fundações descobriu-se um Ceitil de D. Afonso V, datando assim parte da casa no século XV.
Pátio.
O pátio encontrava-se tapado por cimento e com as escavações verificou-se que este foi usado como lixeira durante a ocupação da casa, permitindo deste modo fazer um retrato da vida quotidiana das diversas gerações que aqui viveram.


As imagens antigas existentes neste artigo, foram retiradas de várias publicações residentes na Internet.



Pode saber mais sobre os paineis de madeira pintados, em:
Pode saber mais sobre a exposição permanente sobre a Villa Romana, em:
 

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